sábado, 4 de novembro de 2017

ANDANÇAS com...Luz del Fuego e Ricardo Sá




por Margô Dalla e Júlia Abreu de Souza

Entrevista com Ricardo Sá, diretor do curta metragem Divina Luz sobre Dora Vivacqua, aliás, Luz del Fuego, lendária dançarina naturalista dos anos 50 que, neste ano de 2017, completaria 100 anos.
Local: Teatro Munganga em Amsterdã, onde houve a apresentação do filme e da exposição sobre a atriz.
Margô, Ricardo e Júlia


-Como é que fez para chegar até aqui? São apenas
5minutos de suas andanças que a gente quer.
Foi através do convite da Margô Dalla para fazer a 
exposição em Amsterdã e mostrar meu filme assistido em 
Vitória; conseguimos algum apoio do governo do Estado do 
Espírito Santo e de um pessoal de Paris. Somos todos 
capixabas! Luz del Fuego, Margô e eu!
 
-E a Luz de Fuego, como foi parar na sua vida tantas 
gerações depois?

Uma amiga falou de um livro sobre ela, contou que Luz del 
Fuego faria 100 anos agora e isso despertou a curiosidade, 
deu vontade de comemorar o centenário desta capixaba que
ganhou o mundo. Tem um filme de 1982, uma ficção que 
conta a história, mas não é nada do que ela foi nem o que 
viveu. Eu comungo dos seus ideais sobre a preservação do
ambiente, do amor pela natureza e me sensibilizei com a
luta para valer o seu discurso.

-Ela usou a nudez ...
Para chamar atenção de várias causas, sem dúvida.
Apareceu na mídia em 1944 dançando com cobras, já tinha 
mais de 30 anos, uma dançarina “idosa” na época. Foi uma 
enorme sensação, dançou em circos, ganhou enorme 
notoriedade, atuou em teatros de revista e também nos 
espaços tradicionais do Rio. Foi a vedete mais famosa do 
Brasil, tinha um público fiel. 
 
-E como foi vista pela imprensa da época? 

Os jornais a davam como louca, foi presa algumas vezes,
caçoavam. Não fizeram justiça ao que ela queria 
representar. Isso comprometeu a sua trajetória.

- E aí?
No meio da fama total, ela se cansou das críticas e se 
refugiou numa ilha na Baia de Guanabara, concessão da
marinha do Brasil, para se dedicar ao naturismo, na época 
conhecido como naturalismo. Foi a primeira pessoa na 
América Latina a praticar isso. Fundou o clube naturalista 
brasileiro que fazia parte da Confederação Naturalista
Europeia com sede na Alemanha. 
 
- A ilha do Sol era visitada?
Sim, havia várias atividades ligadas ao naturismo. O clube
tinha estatutos, regras rígidas, não era de forma alguma um
espaço para libertinagem como a mídia gostava de enfatizar.
Eu quis lhe dar um pouco de justiça, de reconhecimento 
divulgando seu pensamento libertário. Só isso.
-Hoje você está aqui, Ricardo. Amanhã?
Amanhã vou para Paris, depois para a Suécia, Bruxelas, 
 EUA, mostrar o filme em festivais. 
 
-E o próximo projeto?
Sempre refletindo o Brasil, pretendo fazer um documentário 
sobre o Rio Doce, sobre os índios Botocudos. O desastre, a
lama.

-----------------------------------------------------------
Rita Lee com  Cassia Eller Luz del Fuego 

Eu hoje represento a loucura
Mais o que você quiser
Tudo que você vê sair da boca
De uma grande mulher
Porém louca!
Eu hoje represento o segredo
Enrolado no papel
Como luz del fuego
Não tinha medo
Ela também foi pro céu, cedo!
Eu hoje represento uma fruta
Pode ser até maçã
Não, não é pecado,
Só um convite
Venha me ver amanhã
Mesmo!
Amanhã! amanhã! amanhã!
Eu hoje represento o folclore
Enrustido no metrô
Da grande cidade que está com pressa
De saber onde eu vou
Sem essa!
Eu hoje…



Um comentário:

Comentem aqui!