Sobre o Amor
parece que tudo já foi dito e redito, falado, escrito,
cantado, recitado.No entanto, ainda é um assunto contraditório
e inexaurível. Neste blog um tanto lúdico, um
tanto ingênuo, nossa única pretensão é a de rever algumas
citações de gente
famosa- e menos famosa- sobre o tema. Finalizamos com
uma explicação-
bem colocada e plausível- dos motivos por que acaba o amor. O
arremate, ou
post- scriptum, é o icônico poema de Luis Vaz de Camões com
uma bela tradução
inglesa para, quem quiser, se regalar novamente e, é claro, um poema de Pablo Neruda.
Convidamos
todos para entrar na seção de comentários e acrescentar mais
pensamentos, poesias e ditos sobre tema.
Começamos com o (dito) mais incondicional dos amores tal como "dectectou" Agatha Christie:
O amor de mãe por seu filho é diferente de qualquer outra coisa no mundo. Ele não obedece lei ou piedade, ele ousa todas as coisas e extermina sem remorso tudo o que ficar em seu caminho.
Tete de Femme-Pablo Picasso-1930 |
Há
uma espécie única de amor, com milhares de cópias diferentes.La Rochefoucauld.
Amor repelido é amor multiplicado. Machado de Assis
Não podendo suportar o amor, a Igreja quis ao menos desinfetá-lo, e então fez o casamento. Charles Baudelaire
Girl Before a Mirror-Pablo Picasso-1932 |
Se
quer ser amado, ame.
Sêneca
Tão bom morrer de amor! e continuar vivendo. Mário Quintana
Tão bom morrer de amor! e continuar vivendo. Mário Quintana
A distância faz ao
amor aquilo que o
vento faz ao fogo: apaga o pequeno, inflama o grande. Roger Bussy-Rabutin
Amo como ama o amor.
Não conheço
nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te
diga, além de que
te amo, se o que quero dizer-te é que te amo? Fernando Pessoa
Só há um tipo de amor que dura, o não correspondido. Woody Allen
Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.Friedrich Nietzsche
Só há um tipo de amor que dura, o não correspondido. Woody Allen
Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.Friedrich Nietzsche
Nu au plateau de sculpteur-Pablo Picasso-1932 |
Para
viver um grande amor, é preciso muita concentração e
muito siso, muita seriedade e pouco riso. Vinicius de Moraes
Era um amor diferente, quase assim feito uma segurança de sabê-lo sempre ali. Caio Fernando Abreu
Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval. Toquinho e Vinícius de Moraes
O amor é um enorme exagero de
diferença que
estabelece entre uma pessoa e as restantes. Bernard Shaw
É um amor pobre aquele que se pode medir. Skakespeare
Em outros tempos houve amores plat˜ônicos, hoje há matrimônios platônicos. Bernard Shaw
Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor.Shakespeare
O amor é um não sei
o que, que surge de
não sei de onde e acaba não sei como. Madeleine ScudéryÉ um amor pobre aquele que se pode medir. Skakespeare
Em outros tempos houve amores plat˜ônicos, hoje há matrimônios platônicos. Bernard Shaw
Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor.Shakespeare
Le Rêve-Pablo Picasso-1932 |
Pena é não haver um manicômio para corações, que para cabeças há muitos.Florbela Espanca
...o próprio amor, por mais que tente, não consegue preencher completamente a carência constitutiva que é chamado a consertar. Laura Kipnis “Contra o Amor-uma polêmica".
E finalizamos com:
por Vaneska de Moraes
Sempre segui o conselho de Drummond sobre a palavra amor: não facilito, não jogo no espaço, não emprego sem razão, não brinco, não espalho aos quatro ventos. Se melhor discípula fosse, sequer a pronunciaria.
Fato é que morro de medo de tentar falar de amor. A sensação é de que quaisquer palavras que use o tornarão menor e vulgar. Muito mais por incompetência poética e filosófica, não ouso defini-lo.
Minha pequena arrogância aqui será indicar mal traçadas hipóteses sobre o porquê de seu fim.
Os adeptos de sua faceta romântica dirão que ele não acaba. Se acaba não era amor. Os mais apegados dirão que ele se transforma. Eu acredito que o amor acaba. Repleto de si ele não se contenta com ser nada além de amor.
O amor acaba porque gasta. Porque usamos sem moderação. Sugamos tudo. Roemos até o caroço. Lambuzamos a cara como se amanhã não houvesse. O pobre do amor fica sequinho e cai do pé.
O amor acaba soterrado na casa própria. Atropelado pelo carro novo sempre mais novo. Televisões de duas mil polegadas, adegas, móveis planejados, taças de cristal, mil bibelôs, viagens protocolares.
O amor acaba sufocado pelas coisas.O amor acaba porque um entra quando o outro sai. Um quer quando o outro evita. Um aspira enquanto o outro exala. O amor acaba quando fica sozinho no escuro. O amor acaba no desencontro.O amor acaba nas garrafas de água vazia. No lixo por tirar. Na toalha não pendurada. Nas roupas jogadas no chão. Nas coisas fora de lugar.
O amor se acaba na confusão e na bagunça que é sempre do outro.O amor morre de falta. Falta de educação, de compreensão, de paciência, de compaixão, de ternura. O amor morre de falta de cafuné.
O amor acaba sem ser percebido. Na desatenção nossa de cada dia. Na falta de tempo. No deixa pra lá. Nas desnecessidades subentendidas e mal concluídas. O amor acaba no silêncio.O amor acaba porque a gente muda. Porque ficamos de saco cheio. Porque enjoamos. Porque queremos um amor diferente. Um amor novinho em folha, que nos faça lembrar do velho amor quando ardia.
O amor morre de tédio. Esse amor que tenho medo de vulgarizar acaba por muitos motivos. Paradoxalmente todos eles ordinários.
“...O amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será.”. Carlos não vai se matar por isso. Nem eu.
*Texto publicado originalmente em http://rodadeescrevinhadores.blogspot.nl/ – 23 de maio de 2016
Camões
Amor é um fogo que
arde sem se ver,
é ferida que doi, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
é ferida que doi, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Love is a fire that
burns unseen,
a wound that aches yet isn’t felt,
an always discontent contentment,
a pain that rages without hurting,
a longing for nothing but to long,
a loneliness in the midst of people,
a never feeling pleased when pleased,
a passion that gains when lost in thought.
It’s being enslaved of your own free will;
it’s counting your defeat a victory;
it’s staying loyal to your killer.
But if it’s so self-contradictory,
how can Love, when Love chooses,
bring human hearts into sympathy?
a wound that aches yet isn’t felt,
an always discontent contentment,
a pain that rages without hurting,
a longing for nothing but to long,
a loneliness in the midst of people,
a never feeling pleased when pleased,
a passion that gains when lost in thought.
It’s being enslaved of your own free will;
it’s counting your defeat a victory;
it’s staying loyal to your killer.
But if it’s so self-contradictory,
how can Love, when Love chooses,
bring human hearts into sympathy?
© 1598, Luís Vaz de
Camões
From: Rimas
Publisher: Almedina, Coímbra, 1994
THE END
Embora grandes obras de arte possam ser criadas em momentos de depressão e tristeza dos seus criadores, também o amor e a paixão podem inspirar grandes feitos. Pablo Picasso foi um homem de diversos amores e paixões-, conta-se que mudava de companheira tão frequentemente quanto mudava de estilo artístico já que muitas das suas obras são retratos das mulheres e filhos.
Publisher: Almedina, Coímbra, 1994
THE END
*Para ilustrar nosso post sobre o amor, escolhemos algumas obras do pintor espanhol Pablo Picasso, a ópera "Carmen - Habanera com Anna Caterina Antonacci/The Royal Opera" e a música "Escravo da Alegria" de Vinícius de Moraes e Toquinho.
Embora grandes obras de arte possam ser criadas em momentos de depressão e tristeza dos seus criadores, também o amor e a paixão podem inspirar grandes feitos. Pablo Picasso foi um homem de diversos amores e paixões-, conta-se que mudava de companheira tão frequentemente quanto mudava de estilo artístico já que muitas das suas obras são retratos das mulheres e filhos.
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